Talvez você não entenda, é uma sensação complicada para descrever. José de Alencar, sem sombra de dúvida, dedicaria vinte e duas páginas e meia aos pormenores deste sentir abstrato.
A situação, contudo, é simples. Trata-se de um dia novo, com ar novo. Uma estrada vazia encontra o horizonte lá onde só deus sabe dizer. O céu, escuro, indica que ainda é noite. No retrovisor, porém, alguns raios amarelos já cortam o firmamento, tingindo tudo de azul.
No meio, na estrada, no carro, ao volante, eu. Equidistante de dia e noite, de hoje e amanhã, de dormir e acordar. Dirigindo, assim, sem pressa de chegar.
A epifania do paradoxo dura só o bastante para colocar um sorriso nos meus olhos. Ali estou, em um daqueles momentos raros onde vemos a vida como espectador, longe do papel principal de nós mesmos. Um hiato do ser.
Então, como se fossem melhores amigos que há muito não se tocam, felicidade e tristeza correm uma para a outra num abraço que entrega exatamente o que sentem.
Eu só me encontro de verdade, só sei o que realmente sou, quando estou ao seu lado.
Me sento com as duas e, pleno, aproveito o máximo que posso. O máximo.
sábado, 15 de novembro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Vontade de ter a capacidade de apagar.
Vontade de sair correndo e te dar um abraço.
Uau, Gus. Esse texto é genial!
Especialmente essa parte do momento raro de ser espectador, em que só somos. Tem a ver com um livro que ando lendo... A paixão segundo GH, da Clarice. Engraçado, coincidência.
Mas, enfim... parabéns. Muito bom!
Postar um comentário